Herança e Dinheiro: Testes e Oportunidades para Praticar o Amor ao Próximo

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Herança e Dinheiro: Testes e Oportunidades para Praticar o Amor ao Próximo

Há pessoas que passam a vida inteira "nadando com os punhos cerrados", temerosas de perder o que consideram sua fortuna. Vivem sem nenhuma perspectiva além da matéria, presas às ilusões formadas por mentes entorpecidas pelo egoísmo, orgulho e ganância.

Afinal, qual é o verdadeiro valor e sentido do dinheiro e da herança em nossas vidas?

A história está repleta de fatos marcantes envolvendo disputas por dinheiro, herança e poder, que terminaram de forma trágica, segundo os ensinamentos cristãos e o senso comum — ainda que muitas vezes este seja permeado pela hipocrisia. Entre tantas histórias, destaco a de Pedro, o Grande:

Pedro, o Grande (1672–1725), czar da Rússia, realizou grandes reformas para modernizar o país, inspiradas nos modelos ocidentais. Entretanto, seu filho e herdeiro, Alexei Petrovich, tinha uma visão conservadora e rejeitava as ideias do pai.
Alexei foi educado em um ambiente tradicionalista e era apoiado por grupos aristocráticos contrários às reformas de Pedro, o que gerou um atrito profundo entre ambos.
Pedro não considerava Alexei apto para governar e, temendo que ele revertesse suas reformas após sua morte, começou a pressioná-lo a abdicar de seus direitos ao trono.
Alexei tentou fugir para o exterior, mas foi capturado e trazido de volta à Rússia.
Em 1718, ele foi acusado de conspirar contra o governo de seu pai — uma traição no contexto da época.
Alexei foi preso, torturado e, por fim, condenado à morte. Morreu na prisão sob circunstâncias que sugerem tortura ou envenenamento.

Este caso ilustra como disputas por poder e herança — seja no âmbito político ou material — podem levar a tragédias familiares. Ele destaca os conflitos emocionais, políticos e morais que surgem quando bens ou direitos são vistos como mais importantes do que os laços familiares.

Estamos encerrando o ano de 2024, mas o que mudou? Pouco além do contexto histórico. Ainda hoje, vivemos incontáveis contendas familiares e desastres políticos por causa de heranças que não podemos levar para o além-túmulo. Quantos pais e filhos deixam de se falar por disputas mesquinhas por um lote de terra ou uma moto velha? Não importa o valor real ou emocional, muitos vivem no mar da miséria moral devido à ganância por algo material ou pela busca de aplausos e bajulação em púlpitos diversos.

A vida é curta, passa num piscar de olhos, e mesmo assim insistimos em ignorar sua perecibilidade, agindo de forma insana, como se não houvesse fim para esta frenesi por bens materiais e poder. Ignoramos que a riqueza é um meio, não um fim. Não vivemos para ser ricos, mas para usar a riqueza que nos é confiada para fazer o bem de forma responsável.

A riqueza, nesse sentido, é uma prova de grande responsabilidade em nossa existência terrena. Neste contexto, lembro-me de Divaldo Pereira Franco, que, embora não fosse rico em bens materiais, usou a riqueza de sua mente e o auxílio da espiritualidade amiga para gerar recursos em prol da caridade, proporcionando abrigo a milhares de pessoas carentes. Quão maravilhoso seria se a maioria dos homens fizesse uso de suas riquezas para deixar um legado de caridade aos mais necessitados!

A herança material é limitada à vida do corpo físico, enquanto o legado de serviço ao bem transcende gerações, reverberando até no plano espiritual. Não há herança maior do que uma vida dedicada ao próximo. Não existe bem maior!

Deus, em Sua infinita sabedoria, nos confia os recursos necessários para nosso trabalho no bem comum, propiciando nossa evolução moral e espiritual nesta jornada terrena, enquanto reparamos os erros de nosso passado infeliz.

Não se engane mais. Busque fazer o bem que lhe cabe — aquele que não pode ser transferido para o outro — com a certeza de despertar para a vida eterna após o desencarne.

 

Nova Venécia/ES, 29 de novembro de 2024.

 

Sigamos em paz,
Rafael Cremasco Lacerda